domingo, 2 de janeiro de 2011



Navegante sem Farol

Sim! É inverno dentro de mim
Há neve sobre meu peito
Congelou por inteiro o leito
Do rio que banhava o jardim

Aonde eu cultivava as rosas
Mais formosas e coloridas
E de lamentos revertidas
Pelas noites mais pavorosas

Pétalas voam pelos ares
Entre bem me quer e mal me quer
Numa ânsia de me conhecer
Sou naufrago em teus mares

Sim! Chove muito dentro de mim
Infelizes brumas me envolvem
Mares doridos se revolvem
Trazendo um aroma de jasmim

Prenúncios de primavera
De repente estou no escuro
Tateando o chão eu procuro
Uma estúpida quimera

À que eu posso por um segundo
Apenas me agarrar e deixar
O nevoeiro de dissipar
Sim! Quero ver um novo mundo...

Sim! Venta forte dentro de mim
Uma overdose de você
Sofro uma metamorfose
Deixei de lado o nosso jardim...

Como um pássaro vôo liberto
Vôo para longe num vôo sem fim!...
Vou andando por dentro de mim
Procurando o caminho certo,

Mas só vejo um grande deserto
Que não tem fim e nem começo
E num estrondo estremeço,
Por um amargor sou coberto

É terremoto dentro de mim!
Sou fugitivo de mim mesmo
Sou um mero sopro a esmo
Sou madeira cheia de cupim...

Arranque do céu as estrelas!
Apague de vez a luz da lua!
Sou os ventos que rasgam a rua
Espiona pelas janelas

Por favor! Sequem o oceano!
Por favor! Tire o brilho do sol
Sou navio em busca de um farol
Navegando no mar do engano...


Poema retirado de:

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